quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Não levo com relevância a possibilidade disso tudo ser uma loucura. Até porquê, me viciei em tudo isso - não é de meu costume levar loucuras a sério. Sem nada disso talvez eu não estivesse tentando me mover. Talvez eu estivesse vivendo um sedentarismo vicioso. É engraçado como as pessoas sempre se recusam a lutar por si mesmas. E eu, por vezes me arrependi por não ter deixado me alienar, de ter descoberto toda essa podridão. Porém, agora vejo que a felicidade que sentiria nesse doping de sentimentos jamais poderia ser verdadeira. Eu poderia viver bem sem saber disso. Eu poderia nunca descobrir que a felicidade que eu poderia ter vivido era um completo teatro mal encenado - e seria o suficiente para me ludribriar. Mas eu estaria integrando ao grupo dos alienados. Dos que são vistos como fracos para os seus supostos superiores. E sempre senti horror pela possibilidade de ser vista como fraca - e muito menos ser desse caráter. Isto bastou para que deixasse de me arrepender por ter chegado até aqui.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sinto uma vontade absurda de aprimorar o que consisto. De cultivar o que há em mim, de cuidar para nunca perdê-lo. Sinto que é preciso persistir numa busca sem tesouro, uma estrada para onde não se sabe o fim. Um caminho sem destino. Isto parece transbordar. Talvez seja preciso fugir - ainda não descobri do quê, para onde e, principalmente, como. Eu mesma estou me cobrando isto. Não sei como me suprir. Pareço uma evasão para mim mesma. Pareço não me satisfazer, não condizer minhas ações com o que exprimo aos pensamentos. Não sei se posso ser o suficiente para os meus sonhos - ao contrário dos que nada sonham, eu sou pequena diante dos meus objetivos. Eu não sei. Talvez a vida não seja nada disso. Estou farta dos porquês - eles nunca foram voluntários a mim. Não sei o que corre em meu coração, mas sei que é incontrolável. Fácil seria cuidar disso para não senti-lo mais. Mas é preciso descobri-lo antes que se faça mais forte que eu.

meio caminho andado

Ao longo da minha curta jornada que até então vivi, tive que concluir que o que eu sempre custei a deixar de gostar era de pessoas. Independentemente de quaisquer circustâncias. Não sei como, mas observá-las sempre me agregava uma imensa satisfação. E tinham que ser, se possível, umas bem distintas das outras. Assim era fantástico: gente com pensamentos certos, gente com pensamentos errados. Gente sem pensamento. Sempre procurei em cada ser um brilho individual - talvez por nunca ter encontrado o meu. E hoje, cheguei à conclusão, mais uma vez, que a nenhum ser humano é de direito enxergar seu próprio brilho. E tal recusa não se dá por uma questão de modéstia - mas sim de bom senso. Se vierem a descobri-lo tentarão modificá-lo. E, assim, esse brilho perderá sua preciosa essência. Cada pessoa deve obrigatoriamente permitir que seu brilho brilhe por si só - e jamais por uma questão de competência.

sábado, 25 de setembro de 2010

 Eu vivo lutando contra o eu que existe em mim, disfarçando minha dor - que corre tão e mais rápido que o mesmo. Muito embora viva na persistência, tive que concluir que, em verdade, a dor é o meu estado normal: dissimulo apenas quando aparento uma falsa e interminável felicidade.

Pois é

Não quero ver a sua felicidade. Mas não pense que o motivo desta aversão pelo seu sorriso seja pelo fato dele anular o meu. Não. Só não posso me permitir ver alguém se perder tanto. Se destruir tanto. O que você chama de felicidade... É um crime contra a própria. Você realmente deveria saber - é o meu desejo, muito embora não esteja com vontade de lhe ensinar. Primeiro que, para tanto, é necessário que você se ferre muito. Que sofra muito, que tenha muita dor, um vazio impreenchível. É necessário que você caia em tentação tantas vezes forem necessárias até que você se enoje dela e de si mesmo por tê-la cometido. É crucial que você chore, para que descubra sozinho que sempre se enganou. E que ninguém mais te ajudou nisso. Só você. Então, estará apto a ser feliz.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

eu acho que

Eles se matam tanto por aquilo, se matam tanto para ser aquilo. Sinceramente, não sei como vocês conseguem. Não sei como conseguem se esforçar tanto para se formularem medíocres - e eu que pensava que isso fosse congênito. Não sei como vocês conseguem. Eu me canso só de ver.

esse é você

Quero sustentar a verdade que nenhum de nós ousa dizer. Escrevo por tantas coisas, mas para você, sempre me faltaram as palavras. Quando elas tendem a aparacer, parecem vagas. Imprecisas. Nunca expressam o que eu realmente gostaria que você soubesse.
A verdade é que, hoje, vivo para me convencer de que nada mudou - o passado que, por vezes custa a desaparecer, me leva a cometer esse crime contra minha própria existência. Mas você nunca vai voltar, porque hoje você é, pura e simplesmente, o contrário daquilo que um dia vieste a ser e que me fez amá-lo. Entenda: o que eu quero não é necessariamente que você volte para perto, mas sim que volte para si mesmo. Que continuasse sendo o que sempre foi. E não que as palavras continuassem as mesmas, mas que eu pudesse ter a certeza de que aquele tipo de pessoa ainda existe. Tenho a impressão de que é necessário partir - mas a dor tem uma aceleração absurda dentro de mim. Simples seria se, para solucioná-la, fosse preciso, também, excancará-la, sair correndo, gritar por socorro. Por você eu faria tudo isso sem exitar. Faria tudo isso todas as vezes que me fosse conveniente - e, talvez, até as talvez não fossem. No entanto você já não é a pessoa por quem eu faria isso. Lamentavelmente, não o conheço mais. Ambos saímos derrotados. O problema é a certeza que insiste em viver dentro de mim. Até então ainda não descobri o que me faz crê-la, mas sei que é forte demais. E creio cegamente. E essa mesma certeza me faz querer fazer de tudo para tê-lo. No entanto, uma segunda força maior me impede. E não tenho coragem. Quando tento, tenho aquela mesma sensação de que não o conheço mais para tanto. Antes poderia prever qualquer reação que por ocasião viesse a ter. No entanto, agora já não sei. Parece um estranho. Um estranho e uma parte de mim - ambas e, respectivamente, ao mesmo tempo.

é mesmo

Quando ele adentrou à sala, já prevera todo o agora. Já sabia que o odiaria - não era por medo. E esse ódio me impedira de respeitá-lo. O passar do tempo só me fez convencer de que nunca estive tão certa. Aquele ar palhaço que sempre persistiu em ter mal me fazia cócegas. Só fazia aumentar o ódio. Mas como já ouvira dizer este mesmo ódio foi o que criou uma barreira em minha própria consciência - quando me dei conta, já não sabia mais porque tanto o odiava. E o tal do ódio se tornou em angústia. De súbito, já não me fizera relativamente superior àquela situação como antes, mas sim fraca, vulnerável. Poderia acabar com tudo isso em uma fração de milésimos, entretanto, para mim, não convinha aceitar que tinha me voltado contra meu próprio ser. Isto me parecia mais doloroso do que o próprio ódio. E acabava por me despertar mais raiva - o que, consequentemente, me agregava mais angústia. E mais raiva. E mais angústia, e mais raiva...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

...

Esse é o momento - e sempre foi. Único. Impiedoso. Faz de você o que menos gostaria de ser. Muito embora já não mais viva sem os seus segundos indeterminados, seu eu tem ciência que, de tão precisos, são convenientes a mudar sua vida para sempre. E quando então já se der conta, ele já tomou de todo o teu ser. De toda a sua capacidade de ludibriar o que se passa dentro de si mesmo. Os teus próprios sentimentos. Se não a você mesmo, você já não pode enganar a mais ninguém. Não haverá para onde fugir: ele será você mesmo.

Parem de ser, pessoas.

Poderia sacrificar a minha vida a começar de uma forma avassaladora, pura e simplesmente à margem do que todo ser humano necessita e se opõe a ouvir. Mas seriam tantas palavras inúteis que de tão vãs poderia se fazer sátira. E me remeto ao título, uma obrigatória súplica. Parem de ser. Vocês vão se cansar. Essa luta não é contínua - amanhã não já serão mais. Parem de ser. Reservem-se ao menos uma hora de seus intermináveis, para alguns, ou súbitos, para outros, dias. Tão quanto ser tudo, ser nada é extremamente viciante.