segunda-feira, 13 de junho de 2011

A vida sempre lhe bastou como um medíocre pensamento. Pensamento pelo qual você sempre seguiu à risca. Seguiu com a crença de que tudo depende crucialmente de uma força advinda de você mesmo. E então se esforça a pensar positivamente, a cativar sua vivacidade. Quando então, em uma manhã chuvosa, se vê palidamente disforme ao espelho. Passa a não se suportar. Tenta dormir. Tenta fingir que tudo é tão passageiro quanto intenso. Tenta medir a sua culpa em todos os seus pensamentos. Tenta pensar que haverá flores ao seu redor quando então abrir os olhos. E de repente tudo passa a ser tão pálido quanto o seu sorriso. Tudo passa a ser tão disforme quanto o seu reflexo. Mantém os olhos abertos. Entretando sente o peso das lágrimas que você insistentemente engole. Não suporta não se suportar. Não suporta tudo tão pálido. Não suporta pensar que precisa viver e, novamente, ser forte. Não suporta pensar no futuro. Ele parece nunca chegar. Parece rir. É preferível que chegue logo e acabe com a angústia. Eu prefiro dar a minha cara a tapa - mas tudo parece interminavelmente prolongado. E será assim até que chegue e toque a campanhia. Chega a ser perturbador. Na infância, o barulho da campanhia sempre pareceu tão animador. Quem será? - alguém sempre chegava. Haviam cores e, mesmo na chuva, as flores pareciam felizes. A água as banhavam enquanto pareciam sorrir. A felicidade era proporcional à angústia que perturba então. O cenário. Chuva e campanhia.